sexta-feira, 14 de agosto de 2009

jornalista Douglas Brown tinha um casamento feliz e sua mulher, Annie, era atraente e divertida. Mas, depois de mais de uma década de convivência, as obrigações do dia-a-dia, os cuidados com os filhos e os apertos financeiros acabaram por esfriar o sexo e deixá-lo em segundo plano na relação. Para tentar resgatar o espírito da lua-de-mel, Annie fez uma proposta: “Vamos fazer uma maratona sexual?”

Doug aceitou o desafio e descreveu com humor e detalhes picantes a tentativa do casal de fazer sexo ao menos uma vez por dia durante 100 dias consecutivos – e sem desculpas. O diário bem-humorado e com detalhes picantes gerou o livro Just do It, que foi lançado em português em setembro pela Editora Prumo.

Nessa jornada sexual, Brown experimentou Viagra e, junto com sua mulher, passou por quartos de motéis, recorreu a lingerie sexy e até mesmo foi a uma convenção da indústria pornográfica. Tudo isso enquanto o casal enfrentava crises familiares e tentava cuidar de duas filhas pequenas em sua casa, em um subúrbio de Denver, nos Estados Unidos. Nesta entrevista, o jornalista conta como ele e a mulher desligaram a TV e encararam os 101 dias de sexo.

● A idéia da maratona de sexo veio de sua esposa. Como você reagiu à proposta dela?

Douglas Brown – Quando ela fez a proposta, a minha primeira reação foi ficar bem feliz com isso, afinal, quem não ficaria? Depois eu comecei a pensar e concluí que não seria fácil, pois trabalhamos muito e temos filhas pequenas, que nos deixam exaustos. Mas achei que seria uma ótima idéia, um experimento divertido saber o que aconteceria se realmente fizéssemos sexo por 100 dias.

● Não houve um dia em que vocês estivessem cansados demais para fazer sexo, ou apenas sem vontade?

Brown – Em alguns momentos sentimos isso, mas estávamos comprometidos com a maratona. O pior momento foi um dia em que eu estava muito doente. Tive um episódio de labirintite, tudo parecia girar e passei tão mal que fui parar no hospital. Quando voltei para casa naquela noite, foi muito difícil. Consegui fazer sexo, mas não dos melhores! (risos)

● O que vocês fizeram para melhorar a qualidade do sexo?

Brown – Tentamos posições diferentes diversas vezes, experimentamos alguns brinquedos eróticos, e variamos muito os lugares. Fizemos no topo de uma montanha no Colorado, em um quarto de hotel em Las Vegas, um motel e em uma tenda no meio da neve. Realmente nos esforçamos para que fosse divertido.

● Vocês tinham algum problema mais profundo que a rotina antes do experimento?

Brown – Não éramos infelizes e fazíamos sexo, em média, uma vez por semana, sempre nos finais de semana. Era um bom casamento, mas estávamos tão cansados que, durante a semana, após o trabalho, não tínhamos mais energia para o sexo, havíamos desistido dessa idéia. Com essa experiência, percebemos muitas coisas. Primeiro, que precisamos fazer mais sexo!

O sexo é importante em um relacionamento e, se um casal deixa o sexo em segundo plano, acaba virando somente um par de pessoas que divide o mesmo quarto. E isso qualquer um pode ter, mas um grande amor só acontece uma vez. Antes do experimento, chegávamos em casa, cozinhávamos, comíamos, lavávamos a louça, púnhamos as crianças para dormir e, então, íamos para a cama, onde passávamos umas duas horas lendo ou vendo TV.

Durante estes 100 dias, o tempo na cama mudou. Continuávamos muito cansados, mas levamos o sexo a sério! A gente não ia para a cama com mau hálito! Ambos tomávamos banho, a Annie vestia uma bonita lingerie, eu vestia um pijama bacana, acendíamos velas, conversávamos. Desse modo entrávamos no clima, e não nos sentíamos mais cansados. Então, era fácil fazer sexo.

● Vocês contaram sobre a maratona para as suas famílias? Como as pessoas reagiram à idéia?

Brown – O meu pai é um homem muito machão, então, quando eu disse “pai, vou fazer sexo por 100 dias”, ele respondeu “esse é o meu garoto!”. Ele ficou muito orgulhoso de mim e contou para todos os amigos. Foi mais fácil para mim porque, para um homem, fazer muito sexo é sempre um sinal de masculinidade. Por outro lado, uma mulher fazer muito sexo nem sempre é um sinal de feminilidade. Com a família da Annie, foi mais complicado. Ela demorou um bom tempo para contar aos seus pais e, no final, não teve coragem de contar pessoalmente. Acabou enviando um e-mail. Mas eles reagiram bem.

● Quando você decidiu escrever o livro?

Brown – Quando começamos a experiência, pensamos que, se chegássemos ao final e não quiséssemos nem mais nos tocar, não daria um bom livro. Mas se, no final, o sexo e a relação tivessem melhorado, talvez fosse uma história interessante de se contar. Então a Annie e eu fizemos muitas anotações durante a maratona, e assim que acabamos, comecei a escrever o livro.

● Depois da maratona, vocês ficaram muito tempo sem fazer sexo?

Brown – Na primeira semana, a Annie foi viajar com as crianças e minha família para a Disney. Quando ela voltou, decidimos que precisávamos de uma pausa. Ficamos umas três semanas sem fazer sexo. Hoje em dia fazemos duas ou três vezes por semana.

● Se o plano era ter somente 100 dias de sexo, por que vocês tiveram 101?

Brown – A idéia inicial era mesmo ter somente 100 dias, mas uma manhã um colega que trabalha comigo no jornal me disse: “Douguie, você deveria fazer um dia a mais para dar sorte”. Na hora eu só ri, mas sou muito supersticioso e, depois pensei: “Meu Deus, agora terei mesmo que fazer um dia a mais!”. Esqueci de comunicar isso à Annie. Então, no último dia, falei: “Querida, não te disse, mas faremos sexo também amanhã, para dar boa sorte”.

● O seu relacionamento mudou depois da maratona?

Brown – A nossa vida sexual melhorou muito porque agora sabemos do que realmente gostamos e nos sentimos muito mais à vontade. O sexo virou muito mais natural. Antes eu me sentia como se estivesse em um palco uma vez por semana e tivesse que fazer uma ótima performance. Sentia que tinha que inovar todas as vezes. Mas depois dos 101 dias, tudo ficou muito mais natural. A comunicação melhorou muito. Hoje em dia, ainda assistimos TV na cama. Mas conversamos muito mais do que antes. Também nos tocamos mais, nos abraçamos e andamos de mãos dadas. E temos mais sexo.

● Você recomendaria essa experiência para outros casais?

Brown – Com certeza, mas não diria que eles precisam fazer sexo por 100 dias porque isso seria ridículo. Afinal, ninguém tem que fazer isso. Mas eu recomendaria para qualquer casal que acha que caiu na rotina o comprometimento de fazer uma maratona de um mês, ou 10 dias, ou uma semana, ou mesmo de um final de semana prolongado! Isso ajuda qualquer relação. O importante é não só o sexo, mas o planejamento todo: comprar uma lingerie, arrumar o quarto, se livrar dos brinquedos das crianças ou das fotos dos avós. Um quarto deve ser um santuário para adultos. Também é divertido comemorar o fato, abrir uma garrafa de champagne no início da maratona e celebrar o seu final com um jantar romântico.

● Você tem filhas pequenas. Você pensa em contar a elas sobre essa experiência quando elas tiverem idade?

Brown – Sexo é muito importante e um dia vou ter uma conversa séria sobre isso com elas, quando forem mais crescidas. A minha filha mais velha tem nove anos e sabe que escrevi um livro, mas acha que é sobre o quanto seus pais se amam. E não deixa de ser verdade. Ela terá mais detalhes quando for mais crescida, mas se não quiser ler o livro, vou entender.

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