domingo, 12 de outubro de 2008

एदुकार एन तेम्पोस actuais

DENÚNCIA - O FIM DA INFÂNCIA(do educador e escritor Emílio Carlos)O fim da infância foi decretrado por aqueles que não são maiscrianças. Por aqueles que se esqueceram de como é ver o mundo pelosolhos de uma criança. Por aqueles que só adoram um deus: o dinheiro.A infância sofre uma erotização precoce e desnecessária cada vez maioratravés dos meios de comunicação: danças vulgares na TV, músicas compalavrões e letras chulas, material pornográfico exposto em bancaspara quem quiser ver, para não falar da internet.Dia desses entrei com meu filho para comprar gibis em uma banca dejornal. Os gibis estavam em meio a revistas de mulheres nuas...A mídia ensina sexo às crianças da pior maneira possível: de formapreconceituosa, errada, precoce demais. E diz que isso é sinal dostempos.Aqueles que se esqueceram que foram crianças um dia dizem que “hoje emdia toda criança sabe o que é sexo”. Se enganam – as crianças nãosabem.Nas histórias de cada um de nós tudo teve o momento certo: engatinhar,andar, falar, ler, e assim por diante. O amor também tem um tempocerto. Só que a mídia põe o carro na frente dos bois, suprime o amor –e tudo que resta é a relação física entre homens e mulheres.Os grandes poetas, os grandes compositores que tanto falaram de amorde repente estão errados? Falam de uma coisa que não existe? Deviamter falado só de sexo?Sexo é bom com a pessoa certa e na hora certa. E essa hora com todacerteza não é na infância. Quanto mais se erotiza a infância maiscasos de pedofilia assistimos, mais meninas grávidas precocemente,mais DSTs dissiminadas, sem falar da AIDS.Estamos beirando a Sodoma, sem moral (palavra que a mídia fez virarpalavrão), sem censura (outra palavra que a mídia adora desgastarporque é contra seus interesses econômicos), sem valores familiares.Tudo é sexo e apenas sexo. Sexo vende – e amor não (acham erroneamenteos adoradores do dinheiro).Estamos deixando que dêem informações erradas e deformadas para nossosfilhos. E nem percebemos mais isso. A mídia conseguiu nosinsensibilizar para os roubos dos políticos, para a violência urbana epara o estupro da infância promovido pelos meios de comunicação – comtantas luzes, cores e sensação que até esquecemos... que é um estupro.A consciência que a mídia formou em nós é: “hoje em dia toda criançajá sabe dessas coisas”. E com esse argumento invadem a infância comcoisas próprias dos mundos adolescente e adulto. Matam a infância eesticam a adolescência expandido seus limites. Se antes eu era criançaaté os 12, adolescente até os 17 e adulto a partir dos 18, vem a mídiae muda tudo: a adolescência vai dos 10 aos 22 anos – ou quando osujeito terminar a faculdade. De repente a adolescência começa com 8,ou 7, ou 6 ou 3 anos...As novelas mostram padrões de comportamento que não são os da maioria.Dizem que a arte imita a vida – mas vem a mídia e consegue ocontrário: de tanto ver a “arte” a vida termina imitando-a (se é queposemos chamar o que vemos na programação de “arte”...).Por outro lado o que vemos é a arte de acabar com a infância. Acriança pode (e deve!) acreditar em papai Noel até o máximo que der.Isso dá lucro! Mas tem que saber na mais tenra idade tudo sobre o atosexual, da maneira mais distorcida possível.Como ninguém nasceu sabendo, e como muitos pais tem dificuldades emfalar de sexo com seus filhos, quem está ensinando essas criançassenão a própria mídia – que depois nos diz que “hoje em dia todacriança já sabe dessas coisas...”?O efeito disso é óbvio: o SUS gasta cada vez mais com a gravidezprecoce das adolescentes. Governos não gostam de gastar.Temos duas pontas do problema: a mídia e a criança. O óbvio seriaconter a mídia. Mas não: vamos violentar ainda mais a infância.Então não bastassem os meios de comunicação agora várias apostilas deescola abordam o tema sexo. Virou moda falar de sexo para crianças de10 anos.Não há uma educação sexual consistente, permanente, que prepare acriança aos poucos – de acordo com seu nível de maturidade. Não: étudo abrupto e bruto. Num dia ela está estudando sobre os seres vivose plantando sementinhas de feijão – no outro pênis e vaginas desfilamnas apostilas de quarta série (agora quinto ano) com explicaçõestécnicas sobre reprodução. Assim: sem preparo nem nada.Não bastasse isso ainda tem apostila que ensina às crianças de 10anos: a partir do momento em que o menino ejacular e a meninamenstruar eles já estarão prontos para a relação sexual. E ensina quesó depende deles decidirem a hora certa para isso...Hã? Como é que é? Só um adulto sabe – ou deveria saber – asimplicações de uma gravidez, os riscos da AIDS e das DSTs. Não umacriança de 10 anos!Puseram o carro na frente dos bois, comeram os bois e chutaram ocarro. Cadê a explicação de “onde você veio”? A boa explicação de queprimeiro vem o amor, depois a família e então a gravidez?Fomos direto às conseqüências sem passar pela causa. Primeiro vem oamor, o romance, o relacionamento. Sexo vem depois.Mas... a mídia vem nos catequizando com a libertinagem faz tempo aponto de acharmos... normal. Com essa desculpa (“hoje em dia isso énormal”) ensina-se métodos contraceptivos pra quem não tem maturidadepara entender nada disso – as crianças.Será que você se lembra de quando você era criança? Quando soube aprimeira coisa sobre sexo? Se lembra da sua reação? E quando soubecomo sua mãe engravidou? Qual foi sua reação?Para muitos adolescentes isso foi traumático. Hoje apostilasresolveram traumatizar as crianças de 10 anos.Isso não é mais educação sexual – é violência sexual contra ainfância! Meu filho sofreu essa violência. Apesar do diálogo abertoque tenho com ele sobre educação sexual uma apostila passou por cimadele como um caminhão. Atropelado por uma apostila que mais pareceapostila do ensino médio (detalhe: ele só tem 10 anos) ele ficouconfuso e traumatizado com o assunto. Passou a ter um sonointranqüilo, cheio de pesadelos, a achar sexo uma coisa suja.Fomos procurar livros sobre educação sexual para tentar remediar oproblema. E daí mais escândalo: livros teoricamente feitos paracrianças mostrando – em desenhos – uma cópula com corte transversalonde é possível ver o pênis do pai ejaculando dentro da vagina da mãe(“Foi assim que você nasceu”).Quando você era criança tinha livros assim? Não, não é mesmo.Virou moda – e um grande negócio – expor sexo para as crianças. A moçada loja me disse que naquele mês muitos pais estavam procurando livrosde educação sexual para seus filhos. Exatamente o mês que a talapostila violentou a infância das crianças com informações descabidase distorcidas.Os adultos estão insensíveis – o comércio percebeu isso. E daí todoslucram: mídia, comércio, etc – e só a infância perde.Que tipos de governos permitem a erotização da programação em horáriosem que as crianças ainda estão acordadas? Que tipo de gente permiteque no meio dos desenhos animados se passe comerciais de novelas comcenas de sexo? Que tipo de “pessoas” promovem as famosas “dancinhas”que se sucedem no vídeo vulgarizando o corpo, o sexo e violentandoainda mais a infância?Onde estão as religiões? Qual igreja apóia esse tipo de absurdo?Bem, a minha igreja não apóia. O Papa é contra a pílula e os meioscontraceptivos – e a mídia bate feio nele por isso. Mas... quetristeza! Se o Papa soubesse que uma dessas apostilas é usada em umaescola paroquial debaixo dos olhos da igreja!?... Uma apostila que nãofala de Deus, nem de amor, nem de casamento, nem de família – mas desexo entre seres humanos como se fala de sexo dentre animais.Qual será a atitude da Diocese? Essa é a pergunta que não quer calar.Porque – como pai – já tomei a minha atitude faz tempo. A TV jogoupara os pais a responsabilidade de censurar o conteúdo que ela expõe –e eu joguei a antena de TV fora há três anos atrás. Mas não pense quemeus filhos não vêem TV. Muito ao contrário: assistem desenhos na horaque querem, pois locamos dvds com todo cuidado de escolher o conteúdo.Como pai dou educação religiosa e familiar aos meus filhos desdesempre. Minha esposa – que também é católica – faz o mesmo.Como pai abri há tempos um canal de diálogo franco e progressivo commeu filho. Educo-o sexualmente de acordo com sua idade, maturidade,fase de vida.Daí vem a apostila, fria, impressa, escrita sei-lá-por-quem, sem levarem conta as diferenças individuais (um crime contra a educação) emassacra meu filho com informações e desinformações de ensino médio.Como pai eu fiz a minha parte: paguei um colégio católico paragarantir educação de boa qualidade a meu filho, compatível com minhareligião. E recebi tudo que a Igreja mais condena em troca.Então como pai, professor e catequista eu pergunto: quem socorreránossas crianças? Quem protegerá a infância? Será que a minha Igrejatomará uma atitude em defesa das crianças?PS – A propaganda do governo diz que “criança não trabalha – criançadá trabalho”. É verdade. E até parece que estão querendo proteger ainfância. Se esqueceram que “criança não transa – criança brinca!”.Porque criança... é criança. É bom ser criança – uma fase dourada davida que a mídia e essas apostilas estão jogando na lama.Por isso: deixem nossas crianças em paz! Deixem as crianças seremcrianças! Deixem que elas tenham infância como vocês tiveram! Protejamas crianças! Protejam a infância!