segunda-feira, 13 de outubro de 2008

सेर feliz

Para ser feliz "é preciso pedir à vida o que a vida pode dar, porque às vezes lhe pedimos coisas demais" e, além disso, "é preciso saber como agir em um conflito, porque a vida é conflito e é preciso fazer par com a dúvida". Essas são as palavras do doutor em psicologia e professor da Universidade Complutense de Madri Javier Urra, durante uma recente reunião de psicólogos em Pamplona (norte da Espanha).
Urra, que foi o primeiro defensor do menor no país e atualmente é patrono do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), se mostrou feliz de considerar que também é essencial uma atitude positiva através do sorriso, "dar importância à vida e valorizar o que é importante", como, por exemplo, um amanhecer, já que "há momentos que não podem ser comprados com dinheiro".Nem mais dinheiro nem sem melhor em tudo
Os especialistas em comportamento humano concordam que não é bom ser obcecado em ter mais dinheiro e ser sempre o melhor em tudo."Buscar ser o melhor não é positivo. É preciso ser normal. Há gente que quer ser o super-homem, a mulher-maravilha, o supercompanheiro, o superpai. Seja o senhor normal", diz Urra.
O psicólogo Gonzalo Hervás, professor do mesmo centro acadêmico que Urra, respondendo à pergunta sobre se dinheiro traz felicidade, chegou à conclusão de que não necessariamente ocorre essa relação causa-efeito, apesar de a experiência demonstrar que é um elemento de eficaz ajuda em muitos casos.Para uma pessoa sem dinheiro, sem teto e sem comida, é mais difícil encontrar a felicidade, embora haja algumas que buscam na renúncia aos bens materiais o caminho para se chegar até ela. Para outros especialistas, a herança genética é responsável, em grande parte, pela felicidade das pessoas.
Segundo um estudo publicado pela revista "Psichological Science Journal", psicólogos da Universidade de Edimburgo (Escócia) descobriram, junto a pesquisadores australianos do Queensland Institute for Medical Research, que os genes condicionam em 50% a capacidade de ser feliz das pessoas. Os outros 50% dependeriam de fatores externos, como as relações sociais, a saúde e o sucesso profissional.
Os genes, explica o estudo, desempenham um grande papel na forma pela qual as pessoas percebem a vida, mais do que outros fatores externos.Além disso, os pesquisadores dizem que os genes determinam os traços da personalidade que predispõem para a felicidade, como ser sociável e não se preocupar demais. Os cientistas chegaram a estas conclusões após estudar 900 casais de gêmeos que têm diferentes estilos de vida.
Álex Rovira, autor junto com Francesc Miralles de "O Labirinto da Felicidade", adverte que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a depressão aumenta a cada ano de maneira exponencial no mundo, provocada por três elementos: pressão social, solidão e angústia, sentimentos sofridos pela protagonista de seu livro.
Rovira não dá receitas mágicas para ser feliz, mas lembra que "a felicidade é uma atitude" e critica "o maniqueísmo na educação", porque "não fomos educados para pensar sobre nossa vida".Os países mais felizes
Para alguns, a felicidade pode ser até objeto de medição. Dinamarca, Porto Rico e Colômbia foram, nesta ordem, em 2007, considerados os países mais felizes do mundo, segundo os resultados de um estudo divulgado em junho passado pelo Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Michigan (EUA).
Depois da Colômbia, na América Latina, seguem em índice de felicidade El Salvador, Guatemala, México, Venezuela, Brasil e Argentina. Apesar de eventos importantes, como ganhar na loteria ou um diagnóstico de câncer, poderem provocar mudanças a curto prazo, o estudo destaca que, a longo prazo, os níveis básicos de felicidade são estáveis e realmente não mudam.A liberdade aparece como o principal motivo de felicidade mundial, e a democratização e a tolerância crescente têm mais impacto que o crescimento econômico. Com isto, retoma-se a falta de relação causa-efeito entre dinheiro e felicidade. A Coca-Cola patrocinou um "relatório da felicidade" na Espanha, a partir de uma pesquisa com 3.000 pessoas, que revelou que os cidadãos do país que se declaram mais felizes têm entre 26 e 35 anos, são casados ou têm uma relação estável, um ou dois filhos e têm boa situação econômica.
Os dados deste estudo constatam que ser homem ou mulher não condiciona a felicidade, apesar de que, entre as pessoas que dizem ser "muito felizes", é registrado uma porcentagem de mulheres superior a dos homens (59% contra 41%). O relatório indica que a saúde, o amor e o dinheiro são, nesta ordem, os principais ingredientes da receita da felicidade.
Um detalhe muito curioso do estudo da Coca-Cola está no fato de que a maior porcentagem de felicidade é registrada entre os grupos familiares de três ou quatro membros, enquanto apenas 5% dos "muito felizes" vivem sozinhos. Também é interessante constatar que a felicidade na infância tem muita importância e determina se, quando for adulto, essa pessoa vai enfrentar a vida com rejeição ou com idéias destrutivas, como no caso dos psicopatas.
O nível socioeconômico também ajuda a ser feliz, já que as classes média, média alta e alta mostram índices de felicidade maiores do que as classes desfavorecidas. Contudo, o estudo defende que o dinheiro não marca diferenças na felicidade a partir de 20.000 euros (US$ 28.000) anuais por família.