domingo, 30 de agosto de 2009

Desde sempre a Argentina é um país afeito aos atalhos e às soluções mágicas, nunca eficazes, para os seus problemas.

Se há inflação, adotemos o dolar e o seu nefasto currency board. Se a produtividade argentina não acompanha a produtividade dos EUA e se o crescimento argentino também não o faz, e se acima de tudo já não consegue se endividar em USD para financiar os sucessivos deficits, desvaloriza-se a moeda, converte-se dívidas de USD para ARP ao câmbio do currency board, gera-se uma moratória da dívida e o mundo que se dane. Mas isso aconteceu nos tempos de Menem e De la Rua.

Hoje a Argentina combate de uma forma cínica a inflação devido à alta dos preços das commodities, onde em lugar de deixar os preços flutuarem e o mercado diminuir naturalmente a demanda, e ao mesmo tempo reduzir o gasto público, o que faz é congelar as tarifas, quebrar o campo e afugentar as empresas de energia e serviços. Ao congelar as tarifas gera-se um aumento de demanda artificial, não acompanhado com um aumento de produção e no caso do campo, cria-se um imposto de exportação para neutralizar o aumento dos preços de commodities como a soja, o milho, o trigo e o petróleo.

Resultado: o país, que um dia foi exportador de petróleo agora o importa, o campo está à beira da quebra porque não consegue monetizar o aumento da demanda mundial, e a cada dia menos de produz.

Acabei de ler na The Economist ("Money worries") que a Argentina já possui um grau de endividamento próximo dos 50% do PIB (em 2001, quando desvalorizou o peso estava em 53%), isso sem considerar os US$ 23,5 bilhões que se recusaram a aceitar os termos das renegociações da dívida em moratória. Se os considerarmos, chegamos a mais de 60% do PIB.

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