quarta-feira, 26 de novembro de 2008

QUERIDOS AMIGOS:

Os relatos de nosso amigos de Sta Catarina são de arrepiar os mais insensíveis.
O Vale do Itajaí praticamente inexiste enquanto cidades.
Blumenau, cidade que conheço e admiro vive hoje um cenário surrealista digno de qualquer filme hollywwodiano sobre o fim dos tempo.

"Já estávamos com um acumulo de chuvas que vinha permanecendo por 15 semanas
e na ultima sexta-feira, sábado e domingo o temporal que aqui desabou,
terminou " DERRETENDO" a cidade, esta palavra DERRETENDO é expressão do
prefeito daqui, a única que ele encontrou para descrever o ocorrido"

"Até mesmo parte do cemitério aqui perto de casa veio parar no meio da rua,
eram inúmeros caixões rolando para todo lado, uma mistura de corpos e
campas, lama, fios, arvores tombadas que o quadro era aterrador
Explosões de gasoduto, de posto de gasolina, o caos foi total"

"Cães foram engolidos pelos bueiros, e buracos, e ate mesmo cavalos se
afogaram
Tivemos tanque de guerra nas rua tentando abrir caminhos, hospitais ficaram
sem acesso, e todas as entradas e saídas da cidade estão ainda bloqueadas
A destruição é tão grande, mas tão grande que só mesmo o tempo para colocar
esta cidade em pé novamente
Eu vi pessoas cobertas de lama, andando pra la e pra cá, feito uns fantoches
sem saber o que fazer e nem para onde ir..."

Partes do relato da nossa amiga Cora, residente em Blumenau.

*****
Isto posto resta-me refletir...

AS ENCHENTES E A SECA
Jorge Linhaça



Vivemos o contraste dos opostos dentro do mesmo país.
No nordeste decreta-se calamidade pública em várias cidades de vários estados por absoluta falta de chuvas.
A terra ressequida não permite plantar, a criação e mesmo pessoas adoecem e morrer por falta d'água.
No Sudeste e no Sul do país a tragédia é justamente o oposto:
o excesso de chuvas causa morte e destruição em vários estados.
Nenhum dos dois fatos é uma novidade, pelo contrário, repetem-se ano após ano com maior ou menor intensidade.
Na hora da tragédia a solidariedade se manifesta de várias maneiras voltando-se para onde a mídia aponta.
Difícil é estabelecer parâmetros sobre o que seja mais necessário , mais urgente, mais importante.
Por um lado as enchente deixam milhares de desabrigados, isolam cidades destroem o patrimônio público e particular.
Quando ela chega deixa um rastro de destruição quase que imediato.Pessoas são arrastadas pela força da água, as
encostas cedem causando mortes e desabrigo.As imagens chocam, principalmente, porque em poucos dias a tragédia
está montada.
Do outro lado a seca:
A tragédia vem lenta, nada da força destrutiva concentrada em alguns dias ou semanas, a agonia do povo parece não ter fim,
a água vai secando nas cisternas, nos açudes, a chuva esperada não vem, a água para beber é racionada aos goles.
O chão seco e o sol escaldante minam as forças, o alimento vai rareando a cada dia, a criação morre e a tragédia se
estende por meses a fio.
O impacto das imagens já não impressiona, sertão é sertão.
Soluções para ambas as crises ?
Entra ano e sai ano e nada, entra década e sai década e nada.Muito se fala e pouco se faz para solucionar realmente
os problemas.
Estive aqui pensando sobre meus irmãos dos outros estados que sofrem com esses problemas.
Enchente eu já encarei na minha São Paulo, nada tão grave quanto o que ocorre em Santa Catarina hoje, mas sei
o que é o desespero das pessoas ao perderem tudo que levaram anos para conseguir em termos de bens materiais,
não que eu mesmo tenha perdido, nesse ponto sempre dei muita sorte, mas já tive a oportunidade de ajudar amigos
a retirarem a lama de suas casas quando a água baixou. O quadro dantesco de móveis empilhados no meio da rua,
cobertos de lama não é para mim simples foto de jornal.
Já a seca nunca presencie de verdade, nunca senti na pele essa lenta agonia à qual o sertanejo está sujeito ano pós ano.
Pensando sobre tudo isso e buscando ser "prático" lembrei-me de que em nosso país se criam tubulações de gás que atravessam
estados inteiros, oleodutos também.
Fiquei aqui imaginando o seguinte...é fato público e notório que todos os anos, com maior ou menor intensidade, o quadro se repete,
alguns estados sofrem com a força das chuvas excessivas e outros com a falta da mesma.
Oras, se pode-se investir em tecnologia para perfurar-se poços de petróleo em profundidades de quilômetros no fundo do mar,
se investe-se em tecnologia para fazer oleodutos e gasodutos capazes de atravessar cidade e estados, por que não se investe em
aquedutos? Não sou engenheiro e é claro que não saberia aqui entrar em detalhes técnicos quanto a isso, mas parece-me que não
é uma idéia tão absurda imaginar que a criação de tais "encanamentos gigantes" poderiam solucionar dois problemas de uma só vez,
a água excedente em determinado lugar seria bombeada para onde ela faz falta.
Sei que pode parecer loucura acreditar que a água da chuva do RS e Santa Catarina pudesse ser enviada dessa maneira para o sertão
nordestino, tudo bem, sejamos "econômicos", regionalizemos os "aquedutos"...Espirito Santo, São Paulo, Minas, Rio de Janeiro sempre
sofrem com as enchente...são mais perto.
Mas e Santa Catarina e o RS?
Bem. a solução continua sendo a mesma, criar condições para bombear o excesso de água para algum lugar, nem que seja para o mar.
Nossa Linhaça, você deve ser louco, se isso fosse viável alguém já teria pensado nisso...!
Provavelmente alguém já pensou, não sou nenhum gênio ou salvador da humanidade, resta saber porque não foi feito.
Posso até imaginar os porquês:
Um gasoduto ou um oleoduto, por mais dispendiosos que sejam, geram lucro, transportam materiais que se transformam em dinheiro.
Os aquedutos que proponho são investimentos a fundo perdido, ou seja, serviriam "apenas para salvar vidas" e isso não dá "lucro" financeiro.
Além disso, só apareceriam na mídia quando fossem inaugurados e quem sabe no primeiro ano em que surtissem efeito.Seriam logo esquecidos.
AH, mais isso implicaria em investimento e trabalho de anos...verdade ? Pode até ser que sim, mas quantas vidas seriam salvas ? Quantos
patrimônios seriam preservados ? Quantas cidades "renasceriam"? Quanto se economizaria em reconstruções?
O único problema que vejo, além da falta de vontade de se investir na vida, é que provavelmente alguém iria querer lucrar com isso.
Vampiros não faltam por este mundo afora, prontos para lucrar com tragédias pessoais.
Já que as mentes privilegiadas deste país não se importam em buscar soluções para estes problemas, ao menos eu me dou o direito de fazer
sugestões.Às vezes as coisas mais simples são as soluções mais eficazes.
E você? Sugere o que?

Devaneios à parte, continuemos a orar pelos nossos irmãos das áreas afetadas pelas enchente e pela seca, que puder, continue a
enviar as suas contribuições para as áreas atingidas, colabore coma defesa civil.

Defesa Civil recebe doações em dinheiro para auxiliar atingidos pela enchente em SC
Interessados podem contribuir com depósitos no Banco do Brasil ou no Besc

A Defesa Civil de Santa Catarina está recebendo doações em dinheiro para ajudar as pessoas atingidas pelas chuvas dos últimos dias no Estado. Nesta segunda-feira, foram abertas duas contas bancárias.Os interessados em contribuir com qualquer quantia podem depositar o valor no Banco do Brasil (BB), agência 3582-3, conta corrente 80.000-7; ou na conta corrente 80.000-0, agência 068-0, do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc). O depósito deve ser creditado ao Fundo Estadual de Defesa Civil-Doações.De acordo com a Defesa Civil, todo o dinheiro arrecadado será utilizado na compra de mantimentos para os atingidos pela enchente.

Nenhum comentário: